Ocorreu-me há dias a fineza da ironia presente nesta expressão. É quase uma contradição nos termos; duplipensar puro e duro. Na sociedade que a tradição radical procura implementar pelo menos desde Jesus - isto é, uma sociedade livre, fraterna e igualitária - é óbvio que seríamos todos irmãos. Mas como as sociedades colectivistas oligárquicas apenas estão vinculadas à tradição radical na medida em que a usam como cortina de fumo para encobrir a sua verdadeira prática, há que acrescentar o qualificativo 'Grande'. O Irmão Grande é irmão mas pai. A porta fica assim entreaberta de uma forma que permite acomodar a verdade hierárquica e patriarcal dessas sociedades. É brilhante e, no fundo, o mesmo dizer que 'todos os animais são iguais... mas alguns animais são mais iguais do que os outros'.
Eu vi o Chinatown e sei que é possível ser irmão e pai em simultâneo. Mas é contra-natura.
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