segunda-feira, junho 10, 1996

Domina Maris

A noite é longa;
Habitam-na fantasmas e fogos fátuos.
A mim, habita-me o espectro do eu por cumprir.
Ele veio cortejar a insónia
Nos salões da minha solidão
Onde ecoa dolorosamente o cinzel
Com o qual um demónio grava
O teu rosto na minha alma
Como uma tatuagem bárbara
Em pele sensível.
Terrível imagem, o teu rosto.
Já a sua intensidade ameaça submergir-me
E a minha consciência é uma barca frágil
À mercê do vórtice de imaginar-te
Quando para exorcizar a tua face
(loucura - a tua face!),
Quando para a exorcizar resolvo esboçá-la neste poema;
Tento lavá-la de mim a tinta permanente
Para que depois a possa trancar numa gaveta
E navegar a calmaria de um sono sem sonhos.
Eis pois a forma que roda
(antes fora imunda e grossa,
pois menor seria o seu poder) no meu espírito:

Olhos negros e líquidos, famintos de horizonte.
Quem sabe se de infinito?
Orelha furada como a de um pirata,
Não como a de uma cortesã.
Rosto onde pairam melancolias aladas
Sobre uma alegria feroz
Como o reflexo do sol nas águas.
Voz salgada como o canto de uma sereia
E lábios de coral polido
Que se entreabrem para revelar o brilho
De uma dupla fileira de pérolas.
Maria é o Mar.

… ou, pelo menos, eu aqui traço linhas
Que se podem ler como uma alegoria do Mar…

E então vem, brutalmente,
Como uma onda que me arrastasse para o fundo
A consciência do que realmente estou dizendo:
Os fantasmas que pairam na minha noite íntima
São sombras de uma só ideia:
Invoco o Mar como espaço da verdadeira vida
E tomo-te por símbolo de uma realidade que me cumprisse…

Ainda assim vou enviar-te este poema
Que diz que nunca te vi como sejas
Mas apenas como me serviria que fosses
Porque fazê-lo, fazer alguma coisa,
Se parecerá mais com cumprir-me
Do que amarrotá-lo e deitar-me ao lixo.
Arremesso esta garrafa às ondas
E sento-me na praia.
Olho o horizonte.
Penso em ti.

sábado, março 23, 1996

Claro-Escuro

Fade in. É-nos dada a ver a cidade à beira do lago, atravessa-a o rio de muitas pontes e, porque o dia está claro, vemos também o Monte que se ergue ao longe, já do outro lado da fronteira.

Na cidade da saúde um homem dispõe-se a morrer; é um homem velho e o seu elemento predominante, a terra, mais não deseja do que render-se à terra. Pouco restou em si dos outros elementos que a poderiam contrariar; uma vida de palavras esgotou a sua porção de água e há já algum tempo que os olhos se lhe secaram mas, ainda assim, deixou correr a torrente das imagens até ao fim; do fogo que lhe coube moldou heróis rudes, votados ao exercício de uma coragem sem porquê, fascinava-o o aço dos seus punhais pois parecia-lhe encerrar uma verdade estranha ao metal do seu aparo; do seu ar urdiu ficções inúmeras, recordo aqui o romance que figura um labirinto, o rio ao longo do qual os sacerdotes do fogo se entressonham, a moeda de vinte centavos riscada que se tornou o universo de um homem, o mago da pirâmide de Qaholom que leu a mensagem do deus num jaguar, os dois inimigos que se defrontam num sonho do qual só um deles emerge.

O homem espera, só, no meio da neblina luminosa para lá da qual adivinha o quarto, posto avançado do mundo sensível, não do mundo visível que é para si um paraíso perdido. Então, para além da bruma, surge uma presença que permanece queda e muda, ou quase, porque o cego percebe no limiar do audível uma respiração que chega até si como o clamor de uma batalha distante. Ele escuta um pouco mais atentamente e a inquietude cresce em si porque naquilo que é inquestionavelmente uma respiração ele pode distinguir entretecidos num padrão uníssono a carga da cavalaria polaca em '39 e o bramir das gaitas de foles no Mons Graupius, o clangor das armas de Heitor e Aquiles e os urros de Rolando agonizante, os rotores dos helicópteros sobre as Malvinas e o estremecer do solo sob os passos dos elefantes de Aníbal. Uma intuição percorre-o, bem como um tremor, e pergunta com voz insegura:

- Quem está aí ?

A voz que lhe responde é e não é uma voz, as palavras com que fala são humanas mas não o é a forma como são construídas; ao invés de consoantes e vogais sucedem-se todos os horrores e esplendores da guerra. As palavras emanam a pestilência dos mortos insepultos e brilham como o oiro pilhado, rangem com a dor e o ódio das mulheres violadas e têm o sabor do festim que comemora a vitória de uma tribo de canibais. Eis as palavras que a voz então diz:

- Sou Ares.

- Que queres ? - pergunta o homem após uma pausa e temendo que a resposta do deus, sendo demasiado intensa, o aniquilasse.

- Quero-te a ti.

- Vens buscar-me ?

- Venho cumprir-te.

Subitamente, a névoa luminosa dissipa-se e o homem reencontra o amarelo e o negro que há muito julgava para sempre perdidos. O deus está diante de si; os traços sobre os quais se apresenta são os de Manfred von Richtofen, o Ás dos Ases, o Barão Vermelho.

- E como o farás ? - a pergunta é acompanhada de um sorriso, o mesmo que encontrarás nos lábios de uma criança a quem é proposto um jogo novo.

- Terás de me seguir através da Porta de Marfim; as nossas montadas esperam-nos do outro lado. - Dizendo isto o deus faz surgir do seu bolso uma pesada chave de prata com a qual destranca a porta fantástica que se ergue, algo deslocada, a meio do aposento sem dar aparentemente para lugar algum. Virás ?

- Sim.

Com um gesto largo Ares empurra a porta revelando que o outro lado abre sobre uma ruína encharcada de luar. Dois cavalos pastam nas imediações e respondem prontamente ao assobio do deus ( som de uma flecha cortando o ar, de sirenes anunciando um bombardeamento ). O deus monta o alazão e o poeta a égua branca. Juntos cavalgam sobre o oceano e através da noite. Ao emergirem de uma nuvem o poeta repara que o deus assume agora o parecer do desertor Martin Fierro, sorri dessa atenção e apercebe-se de que também ele está mudado. Foi-lhe restituído o corpo que era o seu enquanto homem de trinta e poucos anos e as roupas que veste são uma variante das do seu divino companheiro.

Inútil especular acerca da duração de uma viagem que leva um homem a emancipar-se do tempo. Basta que saibamos que em certo momento são as vastas planícies da terra natal do poeta que os cascos das montadas pisam. Surge então no caminho dos cavaleiros uma estrutura que se adivinha ser o seu destino. Espécie de albergue miserável e prostíbulo nascido na encruzilhada dos trilhos da pampa selvagem que subsiste fora do tempo, este é o tipo de lugar onde esperaríamos encontrar os gringos do Wild Bunch. E, de facto, eles aqui estão.

O ambiente é o que tu conheces de tantos westerns; os dois recém-chegados são recebidos por uma bateria de olhares inquisidores e por um silêncio opressivo que só se dissipa quando o deus se dirige ao bar e pede de beber.

- Ambrósia, por favor.

O barman coloca um dedal de vidro sobre o balcão e nele verte o conteúdo de uma garrafa de ónix. Ares bebe de um só trago e dirige-se então ao seu companheiro:

- Vês o russo de olhos de fada ? Pois bem, é o pior dos assassinos; tu sempre idealizaste a coragem, agora, através dele poder-te-ás conhecer. Toma, lutarás com a minha faca, é o trabalho de Hefesto. Vai e provoca-o, qualquer ninharia bastará.

O poeta dirige-se a Olhos de Fada e segreda-lhe algo, o suficiente para que se dê início à estranha dança sem música. Incaracteristicamente os primeiros passes do russo apenas arranham o homem que se sente vacilar mas que, fazendo um esforço consciente, toma impulso para uma investida fatal; Olhos de Fada retira o seu corpo do caminho do golpe mas deixa a faca onde possa encontrar o peito do adversário. Os espectadores voltam aos seus interesses prévios, tanto quanto lhes diz respeito tudo está acabado.

Ares arrasta o moribundo para fora de portas de modo a que este possa ver o céu.

- Agora sabes.

- Sim, fui corajoso. É este o fim ?

O deus sorri, assume a forma de Winston Churchill, tira um trago do charuto e diz:

- Este não é o fim, não é sequer o princípio do fim, mas é talvez o fim do princípio.

Fade out.

domingo, março 17, 1996

Strange Days

Nas palavras de Björk: zing boom! Nas de Jonas Llander: bomba de fragmentação. Intrincados níveis de texto. Juliette Lewis é P. J. Harvey. Angela Bassett rouba o filme a Ralph Fiennes.

segunda-feira, fevereiro 26, 1996

Quatro Estações

Outono

O dia amanhecera falho de presságios. Ao dia presidiam a resolução e o fado. Tal seria evidente para quem pudesse ter visto sobre a escrivaninha a caixa de sapatos contendo o manuscrito e o cinzeiro no qual as pontas de cigarro perfaziam a extensão de uma noite ínsone.

O homem parecia olhar a rua onde sobre a calçada os guarda-chuvas desabrochavam subitamente como negras flores titilantes ao contacto com as primeiras gotas de chuva, mas abstraíra-se; a chuva que então começava a cair arrastava-o contracorrente de volta ao dia em que fizera a seguinte entrada no seu diário:


O que é um poema?

Sonho com um poema que chova. Sonho com um poema cão preto. São-me áridos os poemas sobre chuva como o meio-dia nos desertos. O que eu queria era fazer chuva de papel e tinta; o que eu queria era dizer cão preto e assim tocar e cheirar o dizer cão preto.

Pelo canto e pela música faziam os antigos druidas dançar as pedras, formando assim os anéis megalíticos que mais não são do que danças de roda imobilizadas pelo súbito cessar da música. O meu ideal seria resgatar essa Idade de Oiro poética em que Merlin cantou Stonehenge e os corvos vieram poisar sobre as pedras emersas do canto, pedras sobre cuja solidez ainda hoje chove e à sombra das quais ainda hoje os homens procuram.


Parecia-lhe que aquelas palavras encerravam em si a mais acabada expressão da sua mágoa e, agora que as recordava, julgava encontrar aí o gérmen da sua resolução.

A resolução guiou os seus passos pelo caminho que o trouxe à clareira de um bosque aonde em dias melhores viera a piquenique com Marta. E foi talvez o fado que o levou a ajoelhar sobre o trevo cujo verdor gritava um repto mudo à triste nudez dos plátanos. Mas foi só a morte que o fez cavar o solo rico e aí sepultar o seu livro.

Fim do trabalho levantou-se, os joelhos das calças de fazenda sujos de lama, e olhou as árvores em redor:

- Folhas caducas. - disse. E sorriu um mau sorriso.

Inverno

Havia o hospital, havia a tosse, havia a expectoração e havia a febre. E através delas pouco conseguia chegar até ele; pouco mais havia. Os estímulos exteriores falhavam em penetrar o casulo de desconforto que o envolvera e de tudo isolava excepto da penosa consciência do corpo enfermo.

Era então assim estoirar. Sempre procurara pensar na morte como a suprema aventura, o mistério magno, o levantar do véu. Mas agora que ela era para ele um processo em curso sentia-a como algo de obscenamente biológico. Acontecia-lhe o inverso daquilo que é comum a tantos materialistas; na iminência do facto fechara-se à ideia de uma continuidade redentora.
O momento era anticlimático e, por consequência, parecia-lhe agora em retrospectiva ter vivido sempre na antecipação de uma apoteose iminente que nunca chegara. E que agora, de qualquer modo, já não chegaria. Estas ideias colidiam entre si de forma brusca no interior do seu cérebro, sem mesmo chegarem a se verbalizar. De ambas as vezes que tentou esboçar um fio de pensamento teve-o truncado por um acesso de tosse. E por fim desistiu.

O lugar dos ciprestes é também o lugar da saudade, mas para a prima do homem pouco havia de que ter saudade. Recordava o rosto de uma criança com a qual brincara algumas vezes, o gosto das tartes de uva que a tia cozinhava sempre que recebia a irmã e a sobrinha, o baloiço do jardim pendente do ramo de uma árvore, o aroma macio e doce do tabaco de cachimbo que o tio fumava. Depois, apenas uma sucessão de anos em branco até ao telegrama. E o telegrama trouxera, acompanhada do marido, ao presente, ao lugar dos ciprestes.

Um serviço religioso fora encomendado embora não estivessem certos quanto a em que acreditaria o falecido. À parte do casal só estavam presentes pessoas formais, pessoas cujo ofício compreendia o estar ali. A prima sentia-se pouco à vontade com isso; como era possível a que a um funeral só comparecessem parentes afastados ? A que tipo de vida correspondia uma morte assim?

Estava frio. Despachou-se a depositar as cinzas no jazigo que o marido pusera à disposição e saiu. Com um lamento ferruginoso a porta fechou-se.

Primavera

Uma primeira imagem; a das águas que correm nos rápidos de um rio ao abraço da gravidade, águas turbulentas de um rio que não conheceu Heraclito, águas onde evolui o fantasma prateado de um peixe, águas matriciais nas quais as formas despontam e soçobram. Depois; uma pluralidade de outras imagens, surgindo como que dos estilhaços da luz que se vem quebrar nas águas, imagens com as quais tentamos normalmente ilustrar as noções de vitalidade e regeneração: um casal idoso que passeia de mãos dadas, satisfeito por ter mais uma vez resistido ao Inverno; as inevitáveis andorinhas fazendo ninho no beiral do teu telhado; uma jovem grávida de vestido florido, trazendo o olhar e o gesto de tal forma saturados de serenidade e mistério que arrasta consigo uma aura de silêncio por onde passa.

A jusante, as águas do Inverno desaguaram na Primavera. Os seus dedos penetrantes tactearam através do sol negro e encontraram o manuscrito sobre o qual exerceram a sua inefável magia. As palavras germinaram na terra do bosque e procuraram a luz.

A nova planta espreguiçou-se para fora da terra e foi surpreendida pelo Sol que a teria ofuscado por instantes se ela tivesse olhos para o ver ao invés de o sentir com a parte de si que lhe fora votada. A outra metade de si entranhava-se nas profundezas e familiarizava-se com os minerais e os vermes. Em reflexo movimento os ramos estendiam-se para os céus como outros tantos braços procurando afagar a estrelas ou talvez roubar um pouco do impossível azul com que colorir os dias cinzentos.

Marta não se furtara ao ciclo vital, tão pouco soubera do que sucedera ao homem; tinha um novo amante e para ela era ele agora o homem. Não lhe repugnava ou sequer ocorria que lhe pudesse repugnar, vir a piquenique ao mesmo bosque com o seu novo amor. O casal conversava amenamente por sobre as suas chávenas de chá e se não fosse pela manobra de diversão proporcionada por uma coluna de formigas marchando em direcção ao bolo teria talvez se apercebido de um grande cão preto que surgira do bosque e que, alçando a perna, fazia agora chover sobre uma árvore jovem.

Súbito, ouviu-se um assobio vigoroso e um velhote de venerável barba branca dirigiu-se ao grande cão preto nestes termos:

- É o suficiente, Oberon. Vem, anda! - ao que se seguiu novo assobio.

O cão correu para o homem e juntos caminharam em direcção à orla do bosque onde os seus vultos se confundiram e dissiparam à maneira impressionista.

Verão

O discurso fora revisto dezenas de vezes, ele procurara prever todas as direcções que a conversa poderia tomar e preparara belas réplicas em que mesclava espírito e sensibilidade. Tinha mesmo aperfeiçoado um sorriso agridoce que lhe permitiria sair-se airosamente qualquer que fosse a resposta que obtivesse. A toilette estudada era requintadamente casual e consistia de uma variação em torno de matizes de branco pontuada por um acessório discreto, tinha como pedra angular da sua composição uma aura odorífera apenas perceptível mas que sabia certeiramente apontada ao olfacto da jovem. Ao sair de casa não pôde deixar de sorrir pois ocorrera-lhe que de algum modo se assemelhava a um cavaleiro medieval partindo para uma refrega após haver envergado uma armadura protectora e ter afiado cuidadosamente as suas armas. Montado no seu fiel corcel d'aço devorou as distâncias ocultas pela noite e em breve chegava ao local do torneio, a clareira de um bosque onde ardiam já vários fogos e se elevavam as vozes dos homens e das guitarras.

Mas a realidade é caprichosa e sempre encontra forma de iludir as nossas maquinações megalómanas. O seu belo plano começou a ruir assim que se aproximou de uma das fogueiras para cumprimentar alguns convivas seus conhecidos. A aura subtil em que pusera tanto cuidado não resistiu à proximidade das chamas; as notas dissonantes procedentes do fumo de várias lenhas subiram de tom até abafarem completamete as do perfume que lhe custara boa parte das suas poupanças. Tal bastou para que desse o pequeno passo que separa a expectativa da inquietação. E então, sem que lhe fosse concedido tempo de se recuperar ou de se perturbar mais ainda, as coisas começaram a acontecer de acordo com o seu próprio ritmo e numa provocante indiferença pelo plano estabelecido. A jovem chegou como um soco no estômago e ele foi incapaz de atinar com as suas deixas; apenas sorria e deixava-a fazer toda a conversação sozinha. Também este sorriso era diferente do seu protótipo estilizado; centrava-se em redor dos olhos que pareciam querer chorar e reflectia o seu único pensentimento:

- Tu és tão linda e eu sou um imbecil tão grande !

Mas, para sorte destes e de tantos outros amantes através dos tempos, não são as palavras o veículo de eleição do amor mas sim os silêncios; onde aquelas falham, vêm logo estes e lançam pontos de cumplicidade entre os seres, e então, se contarem com a conivência do vinho e do fogo, da juventude e da música, do bosque e de uma noite de Verão, então dificilmente a sua potência será negada. E não o foi.

Com a alvorada veio o êxtase cacofónico da passarada residente nas árvores e despertaram, algo contra a sua vontade, as pessoas que dormiam no bosque. A Lua cheia estava baixa no horizonte delineado pelas copas das árvores e um pouco à sua direita erguia-se já o Sol, os astros assemelhavam-se a frutos que tendo caído das respectivas árvores houvessem rolado sobre a relva até se deterem próximos um do outro. No centro da clareira erguia-se a árvore que nascera do livro do poeta e os seus frutos tentaram aqueles que despertaram no bosque sem serviço de quartos ou pequeno-almoço, fosse ele inglês ou continental. Os que comeram dos frutos da árvore assim nascida, amantes e crianças, principalmente, tiveram as suas almas lavadas do tempo. O Sol de Junho é perene nos seus corações.