quarta-feira, dezembro 29, 2004

A mobilidade social é um tiro no pé. De quem?

A cada geração que passa a burguesia recebe no seu seio um número de pessoas oriundas do proletariado. Na medida em que o principal canal de mobilidade social ascendente seja a escola, a burguesia suster-se-á (recordo que não tem um desenvolvimento demográfico sustentável) de um fluxo seleccionado de marrões neuróticos, graxistas sebosos e prostitutos. Quais as consequências desta eugenia tácita em prol da mediocridade? A revolução torna-se inevitável porque a coisa cai de podre? O facto de nada cair prova que afinal a reprodução não se faz pela escola?

terça-feira, dezembro 28, 2004

Há ou não há amanhã?

Há ou não há amanhã? Poupamos ou consumimos? Havemos de ser espontâneos ou calculistas? É melhor que prestemos atenção aos meios ou aos fins?

Suspeito que o posicionamento no contínuo que estas questões indiciam é um dos dados mais relevantes que podemos recolher acerca de uma pessoa ou cultura. Não menos importante será a diferença entre o indicadores objectivos e indicadores narrativos da posição de cada um num tal espectro.

Se me conheço a mim mesmo, e julgo que conheço um pouco, debito um discurso muito mais milenarista (imediatista) do que a prática da minha vida denota. Sou um hipócrita. Será que só por saber que o sou vou progressivamente deixando de o ser? Se sim, como se opera a redução da descolagem? É a prática que vai de encontro ao discurso ou vice-versa? Continuo a fazer o PPR. Ainda não comecei a pagar o dízimo à UNICEF.

Natal no mundo

Christmas2004

Voltei

Estive sem computador cerca de vinte dias. A princípio apanhei uma grande carga de nervos. Depois apecebi-me que estar em casa sem computador me fez retomar leituras qua havia abandonado, retomar trabalhos manuais que estavam quase esquecidos, acabar definitivamene com as arruações do escritório, ver dezenas de episódios de Seinfeld, enfim... Concluí ainda que o trabalho não só tinha que esperar (abrandar o ritmo), como PÔDE mesmo esperar. Acho que até foi uma boa prenda de Natal.
Claro que posso mudar de ideias se não conseguir terminar tudo o que preciso até ao fim do ano, e aí, cá estarei para vos relatar a minha carga de nervos!!

Entretanto, a mensagem tardia:
Votos de Bom Natal a todos os clientes do bar. Aos que entram e consomem, e aos que nos vêem da janela da rua.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Esta coisa do Natal é também de ausências e distâncias relembradas. Alvíssaras a quem me explique a mim mesmo. Porque não ligo a quem ligo? Será porque não ligo a ninguém que afinal não lhes ligo? Que merda.

terça-feira, dezembro 21, 2004

Solstício de Inverno

Hoje é dia do renascimento da luz.
A partir das 12h42, o sol vai passar mais tempo acima do horizonte, fazendo deste o dia mais curto e da noite, a mais longa do ano.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Vergonha: joão ferreira vaz, no dia 22 de julho de 2002, despista-se e mata duas pessoas, fugindo do local sem lhes prestar ou pedir assistência. Hoje, 2 anos volvidos, continua a conduzir e já atropelou mais uma pessoa numa passadeira.
in Visão n.º 615, página 98.

Naco de 'Martian time-slip' (p.62)

The Public School, then, was right to eject a child who did not learn. Because what the child was learning was not merely facts or the basis of a money-making or even useful career. It went much deeper. The child learned that certain things in the culture around him were worth preserving at any cost. His values were fused with some objective human enterprise. And so he himself became a partof the tradition handed down to him; he maintained his heritage during his lifetime and even improved on it. He cared. True autism, Jack had decided, was in the last analysis an apathy toward public endeavor; it was a private existence carried on as if the individual person were the creator of all value, rather than merely the repository of inherited values. And Jack Bohlen, for the life of him,could not accept the Public School with its teaching machines as the sole arbiter of what was and what wasn't of value. For the values of a society were in ceaseless flux, and the Public School was an attempt to stabilize those values, to jell them at a fixed point--to embalm them.

The Public School, he had long ago decided, was neurotic. It wanted a world in which nothing new came about, in which there were no surprises. And that was the world of the compulsive-obsessive neurotic; it was not a healthy world at all.

Philip K. Dick ([1964] 2003) Martian time-slip. London: Gollancz.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Abranhos


abranhos
Originally uploaded by Promethea.

Pensando no pouco que nestes dias se tem escrito no blog, dei por mim com os olhos cravados em Salcede.
Uma coisa puxa a outra e lá me veio á  memória outra personagem de Eça: O Conde d'Abranhos.
Numa pesquisa rápida dei com estas caricaturas e com uma breve descrição, que vos deixo. Um mimo!

"Abranhos satiriza o político do constitucionalismo, a sua mediocridade e o postiço que o atormenta; doutro ponto de vista, ele é sobretudo a falsificação do talento e da habilidade política."

"Se há figura que, na galeria das personagens queirosianas, ilustra a ambição política que não olha a meios para atingir os fins, essa figura é o conde d'Abranhos. Lá chegam todos, diria um poeta famoso; Alípio chegou, porque, num sistema político em que os governos rodavam ao sabor das crises ministeriais, ele soube ser o homem certo no momento certo."

Isto anda um bocado do baixo. nada que se faça parece animar estas mentes outrora inquietas. Estou sem palavras. Talvez por isso...

sou um cachorro

Esta provado.
Resta saber que demais bicharada frequenta este bar.

quarta-feira, dezembro 15, 2004


A todos um Bom Natal
A todos um Bom Natal
Que seja um Bom Natal, para todos vós

No Natal pela manhã
Ouvem-se os sinos tocar
E há uma grande alegria, no ar

A todos um Bom Natal
A todos um Bom Natal
Que seja um Bom Natal, para todos vós

Nesta manhã de Natal
Há em todos os países
Muitos milhões de meninos, felizes

A todos um Bom Natal
A todos um Bom Natal
Que seja um Bom Natal, para todos vós

Vão aos saltos pela casa
Descalças ou com chinelos
Procurar suas prendas, tão belas

A todos um Bom Natal
A todos um Bom Natal
Que seja um Bom Natal, para todos vós

Depois há danças de roda
As crianças dão as mãos
No Natal todos se sentem, irmãos

A todos um Bom Natal
A todos um Bom Natal
Que seja um Bom Natal, para todos vós

Se isto fosse verdade
Para todos os Meninos
Era bom ouvir os sinos tocar.


E quem não se lembra, humm?
A todos um bom natal

sexta-feira, dezembro 10, 2004

A felicidade é, segundo gandhi, a harmonia entre o que pensamos, o que dizemos e o que fazemos. Por esta ordem de ideias, este país só pode andar deprimido e infeliz!

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Aristocracia, meritocracia

De há uns tempos a esta parte tenho vindo a interrogar-me qual poderia ser a diferença entre estes dois conceitos. Ambos são respostas às questões siamesas de quem recebe o quê e porquê mas, à primeira vista, pareciam-me ser a mesma resposta: os "melhores", também conhecidos por os "merecedores" levam o bolo. Repugna à razão a ideia de que os melhores possam não ser merecedores ou que os merecedores não sejam os melhores. Qual, se alguma, é a diferença então?

Fiz alguma pesquisa. Aristocracia é uma sã palavra grega. Meritocracia é um neologismo miscigenado de grego e latim. De uma à outra parece ir a diferença entre ser e fazer, entre Parménides e Heraclito, entre predestinação e salvação pelas obras.

De um ponto de vista crítico, o essencialismo da ideia de aristocracia condena-a à partida: trata-se, pura e simplesmente, de legitimar uma expropriação arbitrária do bem comum. A meritocracia revela-se um bocadinho mais subtil mas não menos perniciosa: a ser bem feita é a corrida das ratazanas, os ataques cardíacos aos quarenta anos e os suicídios de adolescentes que não conseguem notas suficientemente boas.

Enfim, nem uma nem outra. Fraternidade.

domingo, dezembro 05, 2004

Vox populi num comboio com destino à capital: 'Nenhum que vá para lá endireita isto. Todos os partidos vão para lá encher os bolsos. Ai, ai...'
Há uma coisa nisto dos blogues: não são para operários. Quem trabalha não bloga, não pode blogar.

sábado, dezembro 04, 2004

Sendo milenarista, Jesus não teve porque se preocupar em planear uma sociedade. A duração da vida humana na Judeia do século I certamente facilitava as coisas. O tempo joga contra a salvação dos longevos da mesma forma que o dinheiro contra a dos possidentes. Contudo, também não lamento este fruto progresso.

O Natal da minha vida

O Natal chegou à rua!
Há luzes, cores, brilho, pais Natal a escalar paredes e a tentar entrar nas varandas. Os enfeites cobrem as montras e até as lojas chinesas têm luzes a piscar. Os comerciantes esperam que este ano a coisa corra melhor. Nós aproveitamos o pretexto para o consumir mais, embrulhamos presentes com carinho e chegamos a lembrarmo-nos daqueles que esquecemos durante os restantes 11 meses profanos. Trocamos livros, discos, pijamas e chinelos; comemos chocolates e rabanadas; apertamos um pouco os nossos corações quando num zapping passamos pelo “Natal dos Hospitais”; no dia 25 os contentores das nossas urbes transvazam de caixas do Toys Ur’us , embalagens e papeis de embrulho coloridos. Os homens do lixo também têm Natal!!
Este é o Natal do meu mundo. Há outros!

Ao clima natalício que invade os nossos percursos falta-me o calor que aquecia mesmo as noites mais frias de natal. Não sei explicar porquê mas acho que falta a simplicidade. Os adornos soam-me a falso, a supérfluo... Eu gosto do Natal porque me lembro de uma foto em que eu e a minha irmã, pequenitas, seguramos um quadro de ardósia em que a minha mãe escreveu a giz – Feliz Natal 1975. Atrás de nós está uma árvore de Natal, daqueles pinheiros verdadeiros, que o meu pai nos levou a escolher. A árvore está carregada de tal simplicidade que mesmo sem olhar para a foto me lembro que tem cinco ou seis bolas vermelhas, nada mais... Havia também um presépio que o meu primo fez em barro. Ao lado da árvore estão dois ou três embrulhos. Nesse Natal eu e a minha irmã recebemos, cada uma, um boneco. Ao meu chamei Paulo. Tinha umas jardineiras azuis escuras e cabelo arruivado. Fez parte da minha infância até perecer esfarrapado.
Este é o Natal da minha vida. Há outros!

sexta-feira, dezembro 03, 2004

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Purgatorio


Purgatório
Originally uploaded by Promethea.

E aqui estamos no purgatorio (sem acentos para nao desconfigurar)esperando o que la vem.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Dia Mundial de Luta contra a Sida.


Cartaz Luta contra a Sida.
Originally uploaded by Promethea.

Ainda sobre a importância de saber e ter opinião sobre assuntos importantes.
Hoje, 1 de Dezembro, é o dia mundial de luta contra a Sida. Vamos lá testar os nossos conhecimentos sobre esta terrível doença aqui.
Para saber mais, podemos começar por aqui.

Lições de História sobre liberalismo

Devíamos agradecer a PSL.
É graças a ele, afinal de contas, que temos nos últimos meses discutido, de forma mais ou menos acalorada, com mais ou menos propriedade, o futuro do nosso país.
Neste pais discute-se pouco. Lê-se menos. Sabe-se quase nada.
Vamos dizendo sim..porque sim (aquele senhor disse e eu gosto dele)ou não...porque não (aquele senhor de quem eu gosto não concorda com isto).
No mesmo momento em que escrevo este post oiço entrevistas a traseuntes que expressam a sua opinião sobre a decisão do Presidente da República. Sim, porque sim. Não porque não.
Enfim...
Este post sofreu uma tremenda deriva, desde que comecei a escrever, até ao ponto em que me encontro. Afinal, eu só queria partilhar convosco um texto de opinião interessante sobre liberalismo. Sigam o link para a carta de londres. Conhecer a nossa história não serve só para fazer brilharetes de cultura geral. Serve, sobretudo, para formar a opinião.
Até que enfim jorge. Isto está ingovernavel.