quarta-feira, maio 31, 2006

O Guardian oferecia

Pois, tempo pretérito. O link deixou de funcionar.

Enfim, era PJ Harvey: gaja, guitarra e caixa de ritmos. Puro génio.

terça-feira, maio 30, 2006

Hoje foi dia de memento mori, de furar a bazófia e deixar sair algum ar quente. Enfim, escrevo para vos comunicar um neologismo cunhado por um amigo num momento mais feliz: estereotripar. Fazêmo-lo amiúde.

quinta-feira, maio 25, 2006

São Schuman (é uma questão de tempo) foi um gajo culturalmente miscigenado, a linha da fronteira passou de um lado para o outros sobre as cabeças da sua família pelo menos um par de vezes. Não fora essa impureza seminal, podíamos estar todos mortos ou nem sequer termos nascido. Como disse Philip K. Dick: se achas este mundo mau, havias de ver alguns dos outros.

quarta-feira, maio 24, 2006

Posta de Economia e Sociedade

When the number of competitors increases in relation to the profit span, the participants become interested in curbing competition. Usually one group of competitors takes some externally identifiable characteristic of another group of (actual or potential) competitors - race, language, religion, local or social origin, descent, residence, etc. - as a pretext for attempting their exclusion (Weber [1914] 1978: 341-342).

domingo, maio 21, 2006

Radio Free Albemuth

Exelentes notícias: dois sites (I e II) refutam a ideia de que Philip K. Dick preferiria VALIS a Radio Free Albemuth.
Acabei de ler O Código da Vinci de Dan Brown e fui de seguida ver o filme. Se ainda não caíram na esparrela, recomendo que substituam o segundo pela Maria Madalena do Abel Ferrara, também em exibição em Lisboa. Quanto ao primeiro, tenho apenas um contributo a dar ao rol de virtudes e defeitos. Trata-se de uma virtude, ou melhor, de algo social e comercialmente eficaz: o livro encontra-se polvilhado de referências artísticas, científicas e literárias que são susceptíveis de serem apropriadas pelo público de nível cultural médio para efeitos da sua vassalagem nominal à alta cultura.

Aliás, uma estratégia similar foi utilizada pelo autor anónimo da lista de membros do Priorado de Sião. Terei um dia de escrever algo de consequente sobre name dropping e pensamento mágico.

terça-feira, maio 09, 2006

Classified MoD report reveals the secrets behind UFOs

Experts have uncovered a secret Ministry of Defence (MoD) report asserting that UFOs exist, explaining the phenomena and assessing the security threat they may pose to the UK. The report was unearthed by academics at Sheffield Hallam University using the Freedom of Information Act...

segunda-feira, maio 08, 2006

Se Bourdieu fosse vivo...

...sacava um capítulo inteiro da actualização de A Distinção só com base na moda da Moleskine que, aliás, já deve ter entrado no seu troço descendente, ver popularizante.

domingo, maio 07, 2006

Diz a Wikipedia que...

Humphrey the cat lived at 10 Downing Street and its associated buildings from 1989 to 1997, from the days of Margaret Thatcher to Tony Blair. He was named after the fictional mandarin.

sábado, maio 06, 2006

A corrupção não é apenas danosa em si mas também gera, por via da impunidade, uma externalidade cultural gravíssima que a reproduz e multiplica.

sexta-feira, maio 05, 2006

Vem a propósito...

do post anterior!

Gestão no Reino Animal

Todos os dias, a formiga chegava cedinho à oficina e desatava a trabalhar. Produzia e era feliz.

O gerente, o leão, estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão. Se ela produzia tanto sem supervisão, melhor seria supervisionada...

E contratou uma barata, que tinha muita experiência como supervisora e fazia belíssimos relatórios.

A primeira preocupação da barata foi a de estabelecer um horário para entrada e saída da formiga.

De seguida, a barata precisou de uma secretária para a ajudar a preparar os relatórios e contratou uma aranha que além do mais, organizava os arquivos e controlava as ligações telefónicas.

O leão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com índices de produção e análise de tendências, que eram mostrados em reuniões específicas para o efeito.

Foi então que a barata comprou um computador e uma impressora laser e admitiu a mosca para gerir o departamento de informática.

A formiga de produtiva e feliz, passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis e reuniões que lhe consumiam o tempo!

O leão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga operária, trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma cadeira ortopédica para o seu gabinete.

A nova gestora, a cigarra, precisou ainda de computador e de uma assistente (que trouxe do seu anterior emprego) para ajudá-la na preparação de um plano estratégico de optimização do trabalho e no controlo do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se mostrava mais enfadada. Foi nessa altura que a cigarra, convenceu o gerente, o leão, da necessidade de fazer um estudo climático do ambiente.

Ao considerar as disponibilidades, o leão deu-se conta de que a unidade em que a formiga trabalhava já não rendia como antes; e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico e ugerisse soluções.

A coruja permaneceu três meses nos escritórios e fez um extenso relatório, em vários volumes que concluía : "há muita gente nesta empresa".

Adivinhem quem o leão começou por despedir?

A formiga, claro, porque "andava muito desmotivada e aborrecida".

quinta-feira, maio 04, 2006

Nota Social

O poeta chega na estação.
O poeta desembarca.
O poeta toma um auto.
O poeta vai para o hotel.
E enquanto ele faz isso
como qualquer homem da terra,
uma ovação o persegue
feito vaia.
Bandeirolas
abrem alas.
Bandas de música. Foguetes.
Discursos. Povo de chapéu de palha.
Máquinas fotográficas assestadas.
Automóveis imóveis.
Bravos...
O poeta está melancólico.

Numa árvore do passeio público
(melhoramento da atual administração)
árvore gorda, prisioneira
de anúncios coloridos,
árvore banal, árvore que ninguém vê
canta uma cigarra.
Canta uma cigarra que ninguém ouve
um hino que ninguém aplaude.
Canta, no sol danado.

O poeta entra no elevador
o poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto.
O poeta está melancólico.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, maio 03, 2006

Enfada-me a combinação de pessimismo e avidez que encontro nos maquiavélicos. Parece-me a mais triste das aporias.
Quem não gosta de reducionismo não se meta a fazer ciência.
Roxanne, Salomé, Mata Hari. Com o ocaso da dominação masculina (wishful thinking?) esta linhagem será interrompida. Lamentá-lo-emos?