terça-feira, julho 27, 2004

Os demónios do tempo imóvel

Transcrevo verbatim um apontamento de 16/8/96:

A páginas tantas de Margarida e o
Mestre
, Bulgakov faz Jesus dizer que há apenas um pecado: a cobardia. Essa, vivo-a eu sob as mais variadas formas e conheço-a por muitos nomes: preguiça, pudor, inibição, desleixo… São mais as batalhas que perco do que as que ganho; pareço nunca ser decidido, dedicado ou desperto por muito tempo. A minha vontade é fraca e a minha consciência intermitente. Estou ansioso por mudar de vida, aqui o arranjo de forças é de forma a trazer-me sempre ao mesmo sítio. E, ainda assim, há que mudar. O que acontece a seguir? Espero que haja ‘a seguir’.


1 comentário:

Frater Caerulus disse...

Sobre o tópico, não é possível deixar de lembrar os ditos de Lafargue na overture do seu manifesto sobre o “O Direito à Preguiça”:
“Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Esta loucura tem como consequência as misérias individuais e sociais que, há dois séculos, torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças do indivíduo e sua prole.” (Paul Lafargue, 1880)