segunda-feira, julho 19, 2004

1977

De 'A scanner darkly'

In Southern California it didn't make any difference anyhow where you went; there was always the same McDonaldburger place over and over, like a circular strip that turned past you as you pretended to go somewhere. And when finally you got hungry and went to the McDonaldburger place and bought a McDonald's hamburger, it was the one they sold you last time and the time before that and so forth, back to before you were born (...).

They had by now, according to their sign, sold the same original burger fifty billion times. He wondered if it was to the same person. Life in Anaheim, California, was a comercial for itself, endlessly replayed. Nothing changed; it just spread out farther and farther in the form of neon ooze. What there was always more of had been congealed into permanence long ago, as if the automatic factory that cranked out these objects had jammed in the on position.

Philip K. Dick


Recordo-me de na minha visita aos Estados Unidos da América em 2001 ter pensado exactamente a mesma coisa acerca da Pennsylvania: era como se estivesse parado e uma equipa de efeitos especiais fizesse um loop de lona pintada passar por mim vezes sem conta. Talvez o 'Pesadelo em ar condicionado' do Henry Miller, que li na adolescência, faça uso da mesma comparação e nos tenha inspirado a ambos. À medida que, depois de 2001, fui perdendo países na Europa, encontrei a mesma coisa por todo o lado. E não apenas nas autoestradas: as 'baixas' das grandes cidades europeias são todas variações do mesmo cenário. Como se num único estúdio tivessem sido filmados vários títulos sem orçamentos de produção autónomos e tivesse havido que compor cenas diferentes com os mesmos adereços.

Sem comentários: