sexta-feira, janeiro 21, 2005

Não consigo entender a posição da Igreja face ao uso do preservativo.

Receiam que a aprovação do seu uso dê lugar a uma interpretação de legitimidade de comportamentos sexuais promíscuos. Até aí percebo – vêem o sexo como uma expressão de amor, fruto de uma relação exclusiva e claro, heterossexual. Fazem crer que nestas condições não há vírus a temer e como tal não há necessidade de preservativos.

O que está para lá da minha compreensão é a resistência em encarar que a realidade é diferente do cenário idílico que projectam. A vida sexual vai para além das intenções de reprodução referidas na bíblia e de relações exclusivas e perpétuas.

Como podem não admitir isto? É birra, prova de forças, luta de princípios?

Se a questão é de princípios pergunto-me como podem continuar a celebrar o casamento como um sacramento inalterável no espaço diocesano. Acreditam que as cerimónias pomposas que enchem as igrejas estão repletas de crenças e espiritualismos cristãos? Excomungam divorciados devotos mas casam pagãos, uns atrás dos outros?


“Não é possível permanecer indiferente e inerte diante da pobreza e do subdesenvolvimento. Não podemos fechar-nos nos nossos interesses egoístas, abandonando inúmeros irmãos e irmãs que vivem na miséria e, o que é ainda mais grave, deixando que um grande número deles vá ao encontro de uma morte inexorável. “

MENSAGEM DE JOÃO PAULO II
Vaticano, 11 de Junho de 2003. (http://www.patriarcado-lisboa.pt)

Há 39,4 milhões de pessoas infectadas com VIH em todo o mundo, das quais 2,2 milhões de crianças. 14 000 foram infectadas diariamente com o VIH , só em 2004.

Claro que a responsabilidade não é do Vaticano e as suas mensagens também não devem ter assim tanta influência nos comportamentos sexuais, mas a que se deve a arrogância dos comunicados sistemáticos acerca do uso do preservativo?

2 comentários:

Frater Caerulus disse...

Li há dias uma notícia no DNque parece ir contra a corrente.

Anadil disse...

O meu post foi precisamente porque na sequência disto o Vaticano veio imediatamente contrapor e a igreja espanhola viu-se "forçada" a dizer que as suas palavras acerca do uso do preservativo tinham sido mal interpretadas e que eles são contra